segunda-feira, 10 de março de 2014

Time...





[...]Eu penso na minha velhice! Quem não pensa? Penso em estar lúcida se Deus permitir isto, é claro, caso tenha a sorte de avançar pelas décadas apesar dos riscos que corremos numa cidade grande feito São Paulo, e assim como outros, não é que nos colocamos em perigo de forma proposital. O perigo parece iminente a tempo e fora de tempo. Ainda assim é possível se imaginar o prazer que certas atividades corriqueiras e o sabor de sua simplicidade, como ir e vir do trabalho, a igreja aos domingos, e chegar aos lugares, e retornar para casa sãos, e  salvos. Toda essa liberdade que transitória é pela graça de nosso poderoso Deus, muitos agradecem a sorte? Eu porém agradeço ao meu Deus. A meu despertar e o meu descanso. E principalmente por ter vencido o dia. Diante desta trajetória vemos os anos passar pelo túnel certo do tempo que é nosso e que  deixa suas marcas. Não me importo com elas. Importa as sequelas que podem limitar nosso controle. Penso, se acaso meu físico estiver do meu lado, eu sairei pelas manhãs para cuidar que o sol siga a sua eminência. Lerei os meus pensamentos e os passarei a limpo, acomodada em algum lugar preferido da casa, ajeitando os óculos. Num gesto aleatório ligarei à alguns dos amigos os mais chegados para falar de novas coisas cotidianas. Após o almoço, um cafezinho e a breve sesta precederá uma leitura macia, para não enferrujar os neurônios e dar exemplo aos netos. Ler é bom! Como ninguém é de ferro, as tardes seriam encerradas olhando os céus e a sua beleza impar. Treinando a criatividade mudando moveis daqui para ali. Regando as violetas. Acariciando meu dog de estimação, muito leal por sinal. Aplicando toda fé necessária para viver um dia de cada vez. Depois, rotineiramente prepararia um cardápio bem leve, sentar-me-ei a mesa agradecendo a Deus a oportunidade em ser melhor que o dia anterior sabendo que  seus livramentos invisíveis é o pano de fundo para todo propósito. E assim será sempre, apenas com a interferência de algumas pequenas alterações aleatórias, indesejadas para uma pessoa metódica que sou, imagino e tenho certeza, que muito mais me intensificarei. Mas esta rotina será certa e regularmente interrompida de alguma forma, permanecendo ainda outras tantas rotinas  em dias de culto, rotina de visitas e de ser visitada. Enquanto desperto em alguma manhã que Deus me dá de vida, eu já tenha desistido um pouco de querer avançar no tempo, de querer ficar velha. Será que estou sendo egoísta?  Escrevendo ou projetando um desconforto, diante das limitações que parece assombrar  a desconhecida fase da vida. Ou, profetizando dias mais calmos apenas seguindo seu curso normal.
Luiza do Valle FFaria

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